quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Fernando Pessoa viajando no elétrico em Lisboa

Jorge Finatto
 
pintura: Mário Linhares. foto com celular: jfinatto
 

Estive revisitando o Museu Nacional dos Coches, em Lisboa (fui lá pela primeira vez em 2002), sempre um programa interessante. São carruagens muito antigas, com exemplares a partir do século XVI em diante. Pelo que li, não existem iguais em nenhum país da Europa. Na França, por exemplo, teriam sido destruídas durante a famosíssima Revolução de 1789.
 
Certos coches são tão formosos que dá vontade de sentar neles e sair rodando pela cidade, como faziam os nobres e prelados daqueles tempos. Existem alguns construídos especialmente para crianças. Não estou a justificar a monarquia nem privilégios (ainda em voga em várias repúblicas atuais). Penso na beleza e técnica construtiva dos objetos em si, produtos da criatividade humana. Numa época em que motores estavam longe, muito longe de existir, e o transporte de tração animal era a regra, andar de coche era uma necessidade e um luxo. Mais adiante publicarei imagens que colhi no local.
 
No mesmo museu, visitei a exposição de pinturas do artista português Mário Linhares, as mesmas que ilustram o livro de Fernando Pessoa intitulado Lisboa, o que o turista deve ver. São desenhos de fino traço e sensibilidade, dignos de figurar na obra do genial poeta que Portugal deu ao mundo.
 
Dois ou três dias depois, estava no agradável Café Lisboa, no Teatro Nacional de São Carlos (situado no largo com o mesmo nome, onde nasceu, aliás, Fernando Pessoa, no quarto andar de um edifício situado no lado oposto ao teatro), quando, ao manusear o cardápio, me chamou a atenção a pintura na capa e contracapa, que ilustra este post (e a capa do blog nesta data). De quem era? Mário Linhares. A foto (feita com o celular) saiu meio sombreada.
 
Gostei tanto que enviei um e-mail ao artista solicitando autorização para publicar aqui no blog (ele gentilmente atendeu o pedido). Retrata Pessoa viajando na porta de um elétrico, observando a cidade que tanto amou/amamos. Um momento precioso. Ao Mário, cumprimentos pelo trabalho e um abraço agradecido.
 
pintura de Mário Linhares na contracapa.
em cima, poema de Fernando Pessoa