sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Cuando Dios hizo la luz

Jorge Adelar Finatto

Colonia del Sacramento, Uruguai. photo: j.finatto
 
Cuando Dios hizo la luz, yo ya debía tres meses.
(Quando Deus fez a luz, eu já devia três meses.)

A maneira espirituosa de ver a vida é o que distingue a calma do desespero. Ante uma situação difícil (elas acabam chegando), o melhor é tentar manter a serenidade e buscar as possíveis saídas (que sempre existem).

O desespero é mau conselheiro, timoneiro de um navio enferrujado, carregado de tristeza e melancolia, que navega torto pelo mar afora rumo ao inevitável abismo.

O bom humor ajuda manter a alegria de existir (essa coisa que começamos a perder ao nascer) e, com ela, a saúde.

A procura da leveza é um belo caminho na luta contra os tombos da vida.

A grande arte: levantar depois de cair.

Essa frase sobre Deus e a luz é mais um dos grafites montevideanos que recolhi na minha última viagem ao Uruguai.

Grafites como esse levam a rir e pensar. Promovem uma reflexão irônica (sem ser amarga) sobre a vida nossa de cada dia. Não vendem coisa alguma, apenas comunicam algo que influencia positivamente o nosso estado de espírito.

Sim, podemos encontrar algum encanto, alguma graça, no ato de viver, apesar das dificuldades.

A tragédia é quando já não conseguimos rir das coisas. 

Fiquei olhando aquele grafite num muro da Ciudad Vieja e pensei: é bom estar vivo, andar a esmo por essas ruas, sem desesperar em relação ao que vem por aí. Ninguém tem o controle de nada.

Depois fui até o café da esquina. Abri o livro que tinha comprado do poeta uruguaio Mario Benedetti e nele anotei a frase com a caneta esferográfica azul.

A tarde estava quase completa, agora molhada pela garoa que começava a cair. Ficou plena com a chegada da taça de café com leite e do pão com manteiga.

Sim, é bom ir vivendo assim dia a dia, hora a hora, café a café, livro a livro, cada instante a seu tempo. Como se tivéssemos essa sabedoria, como se nos tocasse viver a eternidade toda pela frente. Como se não soubéssemos da dor de estar vivo.
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Texto revisto, publicado antes em 05/12/12
Hay vida antes de la muerte?
http://ofazedordeauroras.blogspot.com.br/2013/12/hay-vida-antes-de-la-muerte.html
 

Homenagem à Amália


No mês em que se assinalam 15 anos sobre o desaparecimento de Amália Rodrigues, o Museu do Fado (Lisboa) apresenta o concerto de Camané e Mário Laginha - um tributo evocativo do repertório mais emblemático da artista - que terá lugar no dia 9 de Outubro, pelas 21h00.


Museu do Fado (Lisboa) homenageia Amália Rodrigues
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Museu do Fado:
http://www.museudofado.pt/