terça-feira, 30 de outubro de 2012

Prosa da caverna

Jorge Adelar Finatto


photo: j.finatto


Algum entendido afirmou um dia desses que os blogs fazem parte da pré-história da internet. Pode ser. 

Da parte do troglodita que traça estas singelas, continuará a escrever e publicar fotos na parede da caverna enquanto não desligarem a luz. 

Meu padroeiro na arte de escrever no blog (mania, obsessão, devaneio, ofício ou coisa parecida) é o escritor português José Saramago, primeiro e até agora único Nobel de literatura de língua portuguesa.

Depois que conheci O Caderno de Saramago, pensei com os rudes botões do meu notebook: por que não?

De modo que a culpa de eu estar aqui, raro leitor, deve ser compartida com o desbravador Saramago, que foi quem teve a ideia de vir para a rede partilhar sua lucidez e seu talento (ele, um grande escritor, dando ideias e fazendo seguidores entre os pequenos, como o australopiteco que redige estas parcas).

Daqui a cinquenta, cem ou mil anos, alguém descobrirá esta página perdida na nuvem de signos, lerá estes dizeres e iluminuras e provavelmente se rirá a valer desta esquisitice.

O antediluviano autor do blog poderá, então, descansar na santa paz da sua outra caverna, mais calada e subterrânea, na ilusão de que algo valeu a pena.

Iá-badá-badu!