domingo, 16 de janeiro de 2011

Os prisioneiros na casa dos mortos

Jorge Adelar Finatto

O texto que transcrevo foi escrito por Paulo, o Apóstolo, em Roma, por volta do ano 61 da Era Cristã. Pequeno, mas enorme em verdade e ensinamento, é uma advertência contra a desumanização das cadeias. Um importante alerta contra a indiferença da sociedade e do Estado, no Brasil e no mundo, em relação à terrível realidade das prisões.

Aceitar ou calar diante da violência e dos maus-tratos, no interior das celas e dos presídios, é aceitar que o mal se multiplique e se espalhe pelas nossas cidades, ruas e casas. A lição vale para todos, cidadãos e autoridades responsáveis pelo sistema prisional. Trabalhar por uma execução criminal eficiente e digna é o caminho para a recuperação dos condenados, para a diminuição da criminalidade e para uma vida melhor em sociedade.

Um bom exemplo de compromisso e envolvimento de juízes e comunidade com a humanização do sistema prisional no Brasil pode ser encontrado no Projeto Trabalho para a Vida, criado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul no ano 2000. O projeto parte do princípio de que a profissionalização e o ensino dentro das cadeias, ao lado da participação familiar e social na execução, são essenciais no caminho da tentativa de recuperação daqueles indivíduos que em algum momento se envolveram em atos criminosos.

Os presídios precisam deixar de ser a casa dos mortos para transformar-se na casa da esperança. Neste sentido, lembro o magistral livro de Dostoievski, Recordações da Casa dos Mortos, que nos remete a uma reflexão profunda sobre este mundo de sombras que precisa ser resgatado da escuridão.

Ninguém mais aguenta a barbárie.


Lembrai-vos dos que estão em cadeias, como se tivésseis sido presos com eles, e dos que estão sendo maltratados, visto que vós mesmos também estais ainda num corpo. (Apóstolo Paulo,  Bíblia, Hebreus, 13:3)

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