sábado, 9 de outubro de 2010

Menestrel virtual

Jorge Adelar Finatto


O blogueiro é como o menestrel de antigamente. Leva na mão o alaúde. Entrega seu verso e sua prosa a quem quiser, em troca de um pouco de atenção.

Escrever num blogue tem virtudes. A principal delas é, talvez, evitar a derrubada de árvores para publicação de livros. O blogue se constrói no meio imaterial, não agride a natureza. É abstrato como um fantasma.

Ninguém cheira nem toca as páginas do blogue. Nesse sentido (como em muitos outros), o livro é insubstituível. A utilização do ambiente virtual é uma necessidade e uma saída diante da profusão de pessoas que estão escrevendo.

O autor do blogue pode alterar o que escreveu a qualquer tempo, e isto é importante para melhorar a qualidade do texto (principalmente em se tratando de blogue literário). O texto está em permanente construção.

No momento em que se pressiona a tecla "publicar", o conteúdo vai para o espaço infinito e pode ser lido por qualquer habitante deste e de outros planetas.

A solidão compartilhada dá um sentimento de companhia na dura vida da escrita.

Haverá, de fato, leitores interessados no que escrevemos? Ninguém sabe. O que importa é que o recado está na rede. As palavras estão à procura de quem as leia e, quem sabe, também as ame.

O blogueiro, tão parecido com o ancestral troglodita, vive ruminando e anotando na sua caverna virtual, em busca de comunicação.
________  

Foto: J. Finatto

4 comentários:

  1. Estou em merecido relax, aqui em Torres, mas atento aos movimentos no mundo blogueiro.
    Sintetizas bem este sentimento de escrever para o éter, aparentemente vazio.
    Do outro lado estas palavras podem ser o combustível de um momento feliz ou reflexivo.
    Nunca estamos sós.

    Abraço.

    Ricardo Mainieri

    ResponderExcluir
  2. Maravilhoso, Ricardo.

    Aproveita bem essa beira do Atlântico. Mereces.

    JF

    ResponderExcluir
  3. Então...estamos todos aqui;)
    Lendo, compartilhando, fruindo, navegando...
    "“É hora de embriagar-se! Para não ser o escravo mártir do Tempo, embriague-se; embriague-se sem parar! De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser”.
    Baudelaire nos deu a dica e dica de poeta não se pode desprezar, rsrs:)
    Abraço!

    ResponderExcluir
  4. Mara,

    estou lendo o teu belo livro de poemas "andanças" e gostando muito. Tem qualidade, tem invenção.
    Fico feliz com a descoberta.

    Vamos em frente.

    Um abraço.

    JF

    ResponderExcluir