sexta-feira, 7 de maio de 2010

O prisioneiro da torre

Jorge Adelar Finatto


O tempo é uma torre da qual somos prisioneiros.

A distração é, talvez, a melhor maneira de aproveitar cada migalha de segundo. Esse estado de alma em que só caminhamos no presente. Sentimos que é bom estar vivo, e vivemos.

Mas como fazer pra viver por inteiro o instante?

A obsessão com a passagem do tempo só gera mais tempo perdido.

A evasão de nós mesmos, um olhar em torno da nossa ilha, um passeio sentimental com o outro, o foco em algo diferente de nós.

A nuvem rosa é um pássaro voando contra o azul.

O relógio de pêndulo sem pêndulo, calado, na parede da torre.

A areia para de escorrer na ampulheta, ou escorre mais lentamente, quando convivemos com os companheiros de travessia.

Estamos a bordo do pequeno planeta azul.

Carregamos no alforje o suprimento das manhãs.

O coração pulsa no tempo.

Estamos vivos.

Assim seja.

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Foto: J. Finatto

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