sexta-feira, 12 de março de 2010

Cuba e os direitos humanos

Jorge Adelar Finatto

As ditaduras são feitas de cadáveres e prisões. Não existe a figura do bom ditador.

Sejam de direita ou de esquerda, ditaduras são igualmente infernais.

Após a morte do pedreiro e dissidente político Orlando Zapata Tamayo, 42 anos, em 23 de fevereiro de 2.010, em consequência de 85 dias de greve de fome, o psicólogo e jornalista cubano Guillermo Fariñas, 48 anos, também está em greve de fome, desde 24 de fevereiro. As informações mais recentes dão conta de que é muito preocupante seu estado de saúde.

Fariñas afirma que está pronto a sacrificar-se, se o governo de Cuba não libertar 26 presos políticos que estão com a saúde debilitada em prisões da ilha.

Os irmãos Fidel Castro Ruz, ex-presidente, e Raúl Castro Ruz, atual líder político de Cuba, não se mostram dispostos a permitir a democratização e nem a rever a forma de tratar os opositores do regime de partido único (Partido Comunista de Cuba).

A Revolução Cubana, vitoriosa em 1959, liderada por gente como Fidel Castro e Ernesto "Che" Guevara, combateu a ditadura do general Fulgencio Batista, que, entre outras violências, tratava com brutalidade os inimigos políticos.

Os atuais dirigentes cubanos repetem a intolerância contra os adversários. Dados do Departamento de Estado dos Estados Unidos informam a existência de 194 presos políticos em Cuba.

Informações divulgadas na imprensa mostram que a revolução trouxe avanços sociais a Cuba, principalmente em áreas como educação e saúde. É um país pequeno, que tem hoje cerca de 12 milhões de habitantes.

O embargo econômico imposto pelos Estados Unidos só tem colaborado para a falta de avanços políticos em Cuba. A posição americana é um obstáculo ao fim da ditadura e fortalece o discurso persecutório dos governantes cubanos.

Fidel Castro, seu irmão e sequazes cometem o erro essencial de todos os ditadores: acham-se insubstituíveis, e não admitem a transição democrática do poder. Consideram-se melhores e mais preparados do que todos os outros cidadãos e só eles sabem o que é bom para a sociedade.

O governo cubano não reconhece a existência de presos de consciência e afirma que o que há são mercenários a serviço dos Estados Unidos, alegação que não convence mais ninguém.

O que se pergunta é quantas prisões e mortes mais serão necessárias para que se estabeleçam o diálogo e o respeito aos que pensam diferente do governo em Cuba.

É uma violência aos direitos humanos um mesmo grupo manter-se no poder por tanto tempo, afastando a população da democracia, negando-lhe direitos políticos.

Não existe justificativa, do ponto de vista ético, político e social, para essa eternização, que só é possível mediante a eliminação da liberdade e, às vezes, da própria vida de quem é contrário ao sistema.

O que se espera do governo brasileiro é uma posição firme e clara contra a falta de democracia naquele país e contra a perseguição movida aos que se manifestam por mudanças. É incompreensível, aliás, o já longo silêncio das autoridades brasileiras em relação à escuridão política em Cuba.
 

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